Envelhecimento, benefício social e saúde reduzem a força de trabalho e limitam PIB

Taxa de participação menor reduz o PIB potencial e introduz mais um desafio para a construção de um horizonte de acelerado crescimento sustentado, diz a Instituição Fiscal Independente The post Envelhecimento, benefício social e saúde reduzem a força de trabalho e limitam PIB appeared first on InfoMoney.

Envelhecimento, benefício social e saúde reduzem a força de trabalho e limitam PIB

A pandemia derrubou o número de pessoas disponíveis para o mercado de trabalho, patamar que não foi recuperado nos anos seguintes. De acordo com o Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF), da Instituição Fiscal Independente (IFI), isso tem impacto direto no Produto Interno Bruto (PIB) potencial do país e pode explicar como o mercado de trabalho segue aquecido, mesmo sob uma política monetária contracionista de juros altos.

De acordo com relatório, divulgado nesta quarta-feira (19), “uma taxa de participação menor reduz o PIB potencial e introduz mais um desafio para a construção de um horizonte de acelerado crescimento sustentado”.

Taxa de participação

A taxa de participação teve expansão entre 2012 e 2019, com recuperação gradual até o final de 2021. Desde então, o nível está se mantendo estável, mas abaixo do patamar pré-pandemia.

A IFI destaca que alguns estudos associam a menor taxa de participação ao envelhecimento da população, a questões de saúde e a fatores ligados aos benefícios sociais.

Fatores estruturais: envelhecimento e saúde

De acordo com o documento, a proporção de inativos por idade avançada subiu de 24,4% (média 2015-2019) para 26,7% (média 2022-2025), enquanto a inatividade por saúde passou de 16,5% para 18,5% no mesmo período, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua.

Segundo o Banco Central, em estudo citado no relatório, as mudanças na estrutura etária do país explicam metade do recuo da taxa de participação. O mesmo estudo do BC afirma que o outro efeito se deve à expansão dos benefícios sociais.

‘Fuga da precariedade’

A PNAD do IBGE não tem uma categoria específica para identificar se a inatividade está associada aos benefícios sociais, como pode ser mensurado na questão da idade e de saúde. “Assim, eventuais efeitos dos programas de transferência podem aparecer de forma difusa entre os motivos declarados — possivelmente em “opção pessoal”, “cuidados/afazeres” ou “outros motivos” —, o que limita a capacidade de mensurar diretamente esse canal”, diz o relatório.

Considerando a variável “outros motivos”, a evolução do indicador foi de 5,0% (média 2015-2019) para 5,8% (média 2022-2025).

Outros dados apontados no relatório indicam que, entre 2012 e 2019, o Bolsa Família tinha 13,7 milhões de famílias beneficiárias, em média, número que evoluiu para 19 milhões em setembro de 2025. No mesmo período, o valor médio do benefício passou de R$ 166 para cerca de R$ 680 em 2025, destaca a IFI.

O relatório também destaca o efeito da “fuga da precariedade”, que os programas sociais possibilitaram à parte da população, e não a um desincentivo ao trabalho. Assim, ao receber benefícios que garantam a subsistência, a população mais pobre não precisa se submeter a trabalhos precários e degradantes. 

A IFI ressalta que, se a taxa de participação tivesse retornado à média de 2012-2019, mantendo o nível de ocupação atual, a taxa de desemprego seria próxima de 8,8%. Atualmente, ela está em 5,6%.

O documento finaliza apontando que diagnosticar esses fatores é essencial para mitigar perdas de capacidade produtiva, sugerindo foco em políticas de saúde e prevenção de incapacidades.