Prefeito de Autazes é questionado por fazer palanque para adversários apesar de receber forte apoio do governador Wilson Lima

Thomé Neto deixa um recado claro: mesmo recebendo investimentos expressivos, o prefeito não tem evitado se transformar em palco para discursos da oposição

Prefeito de Autazes é questionado por fazer palanque para adversários apesar de receber forte apoio do governador Wilson Lima

A cena política de Autazes voltou ao centro das atenções após a série de visitas que movimentou o município nos últimos dias. De um lado, o governador Wilson Lima desembarcou com um pacote robusto de investimentos. De outro, os senadores Eduardo Braga e Omar Aziz aproveitaram a presença no município para atacar publicamente o governo estadual. E, no meio desse tabuleiro, o prefeito Thomé Neto tem chamado atenção pela postura considerada, por muitos, contraditória e politicamente ambígua.

 Apesar de Autazes ter sido amplamente beneficiada pela gestão de Wilson Lima, Thomé Neto tem se colocado como anfitrião tanto do governador quanto de seus principais opositores, abrindo espaço para críticas contra o próprio governo que investe no município. Para aliados de Wilson, a atitude é vista como ingratidão e oportunismo político; para moradores, a postura do prefeito levanta dúvidas sobre coerência e prioridades.

 Na última semana, o governo do Amazonas formalizou um convênio de R$ 300 mil para a realização da 25ª edição da Festa do Leite e da 24ª Feira Agropecuária, um dos eventos mais importantes da economia local. Outros investimentos também chegaram: entrega de maquinário agrícola, kits roçados, triciclos, embarcação, aeradores, apoio técnico e ampliação do crédito rural. Somando as ações voltadas ao setor produtivo, Autazes já ultrapassa R$ 1 milhão em investimentos apenas neste ano, além de 15 milhões para a recuperação da malha viária do município.

 No campo social, foram entregues 800 cartões do Auxílio Estadual Permanente, além de cestas básicas, kits de gestantes, absorventes do programa de higiene menstrual e incentivo ao crédito para mulheres empreendedoras. O governo também instalou uma unidade do PAC Móvel, que facilita o acesso da população a documentos e serviços de cidadania sem precisar sair do município.

 Todo esse conjunto reforça um vínculo institucional claro entre o governo do Estado e a prefeitura. Porém, paralelamente, Thomé Neto também se coloca à disposição de outras forças políticas. Mesmo poucos dias após receber investimentos expressivos, o prefeito abriu espaço para senadores que vieram a Autazes justamente para atacar o governador que enviou recursos.

 Nas agendas públicas, Eduardo Braga voltou a cobrar soluções para problemas históricos do interior e apontou falhas do governo estadual, citando a AM-254 e a malha viária de Autazes, que segundo ele sofrem com abandono há anos. Omar Aziz, por sua vez, retomou críticas à condução do Estado durante a pandemia, afirmando que a falta de responsabilização na CPI da Covid deixou feridas abertas e respostas pendentes.

 As críticas ganharam palco em Autazes — o que só chamou ainda mais atenção para a presença do prefeito ao lado dos senadores. Para analistas políticos e parte da população local, Thomé Neto acaba reforçando discursos contra quem mais tem investido no município, comportamento que fragiliza a imagem de alinhamento institucional e expõe o prefeito a questionamentos sobre lealdade e firmeza política.

 No ponto alto da Festa do Leite — evento de grande visibilidade e forte valor eleitoral — o posicionamento dúbio de Thomé Neto coloca Autazes no centro de uma disputa estadual. Enquanto Wilson Lima busca reforçar sua atuação no interior com entregas concretas, Braga e Aziz utilizam o município como vitrine para críticas políticas. E o prefeito, que deveria atuar como ponte institucional, termina gerando a percepção de que tenta agradar a todos ao mesmo tempo, mesmo que isso comprometa sua coerência.

 No fim, o comportamento de Thomé Neto deixa um recado claro: mesmo recebendo investimentos expressivos, o prefeito não tem evitado se transformar em palco para discursos da oposição, criando um ambiente politicamente instável e sem rumo definido — justamente em um município que se tornou peça importante no xadrez estadual.